quarta-feira, 5 de outubro de 2011

PARTICIPANTES FORAM POUCOS, MAS BONS...

CAMINHADA AO " MOINHO FUNDEIRO "
RENDEU PARA O DIA INTEIRO

* ASCE FEZ BALANÇO POSITIVO DA JORNADA


Mesmo não tendo a participação desejada de inscritos, a Caminhada ao Moinho Fundeiro, em Vila Viçosa, promovida no passado Domingo pela ASCE - Associação Social e Cultural da Espiunca, acabou por ser um êxito, até porque os participantes eram poucos, mas bons...evidenciando-se total satisfação por cumprirem este desafio pedestre, recordando tempos duros de outrora, onde mesmo em tempo de pobreza, a alegria do convivio, das cantigas e da partilha comunitária, marcava o quotodiano da aldeia.


Sob a orientação do Sr. Manuel de Lobeitos, a Caminhada aos Moinhos teve início no Largo da Costa e, de imediato, foi notória alguma desorganização e planeamento do evento, nomeadamente quanto ao melhor trajecto a utilizar, um trabalho de simulação e marcação do terreno que deveria ter sido realizado com alguma eficácia e antecipação.

Abandonada a EN 225, na zona da Portela, e na zona de Lobeitos tomada a decisão mais acertada, entre várias opiniões apresentadas, os caminheiros avançaram pelo antigo percurso até ao Moinho Fundeiro, aproveitando para recordar vivências de outrora, lembrando episódios dessa vida rude de outro tempo, ao mesmo tempo que o Manuel de Lobeitos, o António Bantim, o Celestino, o Américo e Sr. Agostinho e outros mais afoitos iam, lá na frente, desbravando o denso matagal e silvado, que nos fazia lembrar algumas picadas de África ou qualquer uma floresta tropical.
A descida vertiginosa até ao ribeiro, por um velho carreiro outrora coçado demais, mas hoje quase inexistente e coberto de intensa vegetação florestal, foi uma autentica aventura e um desafio emocionante, perigoso mesmo para quem tinha mais dificuldade e uns largos kilos para suportar, mas para os mais velhos, foi a satisfação de voltar a um cenário que, não sendo idílico, os fez reviver tempos recuados, quando uma códea de pão tinha um valor imenso e a árdua tarefa de carregar alqueires de milho, centeio e trigo para transformar na farinha que cozinhava o pão para a quinzena, era manifestação de alegria e marcava o quotidiano da aldeia, com a imagem da Alda Saraiva com o " taleigo " à cabeça a contextualizar bem o objectivo da jornada.

Ultrapassado o obstáculo do curso de água que antigamente fazia trabalhar a Carreira de Moinhos, onde se localizavam outras antigas estruturas artesanais utilizadas na moagem dos cereais, deparamo-nos com a triste imagem de velhos pneus espalhados pelo ribeiro, lançados a partir da EN 225, como atitude reprovável e mais facilitado para deles se desfazer, resquícios evidente da incúria do homem, que continua a não ter respeito pela preservação da natureza e demonstra uma tremenda falta de consciencialização ambiental.

A chegada ao Moinho Fundeiro foi, para alguns, como a conquista do Pico do Evereste, tão evidente era a satisfação estampada no rosto, a mostrar que valeu bem a pena o sacrifício da descida vertigionosa e, enquanto se atacava a " bucha " que a maioria carregou, o Manuel de Lobeitos lá foi tentando explicando, com o melhor engenho e arte possível, a história deste moinho e dos outros localizados a montante da montanha, recordando quem se dedicava e dependia desta vida dura de Moleiro e de quem recorria a esta actividade agrícola para rentabilizar o trabalho dos campos e garantir o sustento da casa.

Canal da Levada, maquia, picar a mó, acertar as cunhas e a finura da farinha, pejadouro, seteira, agueira que transportava a agua da represa até ao rodízio, caleira e zorra foram nomes que se ouviu falar e que marcavam a actividade do moinho de água e a mestria do moleiro que o explorava como modo de vida.

Recorde-se que os moinhos de águas encontravam-se dessiminados por todo o território, no entanto, a partir de meados da década de 70, com a implantação de moagens industriais, accionadas a electricidade ou motores de combustão, foi alterada por completo a actividade dos moinhos de água, que foram sendo abandonados.

Depois das visitas ao moinho, onde o Bantim foi o único a enfiar-se pelo buraco de acesso ao rodízio, e da fotografia de grupo para testemunhar o objectivo conquistado, o regresso foi demasiado saudável e animado, com o grupo a encetar a subida ao som de velhas melodias que, outrora ecoavam nos campos de Vila Viçosa e nos montes vizinhos, onde a exploração florestal já tinha alguma expresão, embora feita de forma mais rudimentar.

A visita e passagem pelos restantes moinhos, como o da Costa do Lago, ficam para outra ocasião, quando alguem entender que preservar estas estruturas é uma aposta a ter em conta e que os acessos possam potenciar uma adesão a nova iniciativa. Até á EM 504 o passo foi menos vigoroso, a malta entreteve-se mais as reviver periécias, a clicar nas fotos captadas pelo telemóvel e dar umas cornetadas nas vuvuzelas que nos recordam os acordes do Mundial da África do Sul.

A caminho da povoação entoaram-se cânticos e cantigas, todos em unissono a evidenciar uma alegria espontanea que a todos contagiou tarde fora, num salutar e agradavel ambiente de convivialidade, terminando a iniciativa no recinto da Escola Primária, estrutura que ainda continua fechada, sem possibilidade de ser rentabilizada para a promoção da cultural e das tradições locais.

A ASCE, interpretando diversas vontades, considerou que esta actividade, pioneira na localidade, foi um excelente contributo para a defesa e preservação da história e património edificado e cultural da freguesia.

João Avelino, presidente da ASCE, fez um balanço positivo da jornada e referiu que, a associação ao lançar este desafio, e a promover esta caminhada, permitiu que muito pudessem calcorrear caminhos ainda desconhecidos e a outros, relembrar, os tempos mais recuados em que era essencial a moagem do milho que as familias produziam nos campos espalhados pela localidade, hoje em grande parte abandonados para a actividade agrícola.

E se tal como evidencia o título da noticia, que a Caminhada ao Moinho Fundeiro rendeu para o dia inteiro, a boa disposição manteve-se em alta no ataque ao farnel, em jeito de partilha e animado convívio, no cenário da Rotunda da Costa, ao ponto de ser desviado um autocarro excursionista com destino ao Porto, vindo de barriga cheia da farta gastronomia de Alvarenga, que teve de aparcar e participar nas honras da casa para ajudar à festa dos caminheiros e partilhar os " comes e bebes ", entrando ao ritmo do samba e do forró, e das cantigas tradicionais de quem não esquece as suas raízes e tem orgulho do seu passado, não sem antes deixar o momento registado em formato digital.

Uma excelente iniciativa que, merece repetição, óbviamente por outros percursos e paisagens, talvez a susgestão do Roteiro das Águas de Rega, fazendo recordar as caminhadas de madrugada à Ribeira da Porta ou ao Vale das Cabras...quem sabe, talvez por ali se desencatessem muitas histórias de amor e paixão, escárnio e maldizer...até á próxima!!!

5 comentários:

  1. Parabens amigo Carlos
    uma excelente reportagem de uma boa iniciativa
    em Vila viçosa
    obrigado

    ResponderEliminar
  2. Bem dito senhor jornalista
    Poucos mas bons

    ResponderEliminar
  3. BOA NOITE
    se no cartaz anunciaram que era uma visita aos moinhos e a carreira dos moinhos que havia para que andaram a anunciar se nem la poseram os pes e so foram a um
    portanto uma iniciativa mal feita e mal organizada
    como sempre tudo em cima do joelho o que interessa e vinho e cantoria

    ResponderEliminar
  4. Parabens pela primeira caminhada em Vila Viçosa foi uma boa iniciativa
    agora sigam a sugestaão do carlos e façam uma caminhada das àguas da rega ao Vales da Cabra e a Ribeira da Porta
    uma boa tarde a todos e felicitaçoes a ASCE e ao seus dirigentes

    ResponderEliminar
  5. Ao anónimo das 13:41

    ZÉ deixa de ser TONHO
    Como sempre não fazes nada para bem do nosso lugar (Vila Viçosa), apenas te limitas a criticar aqueles que vão tomando iniciativas.
    Foi assim no Cortejo do Carnaval, “rondastes” enquanto os teus participavam entusiasmados.
    Depois no Convívio fostes lá “cheirar” e ficastes enraivecido com a alegria dos outros.
    Agora fostes “cheirar” ao Largo da Costa e viestes com o “rabo entre as pernas” porque ninguém te deu troco. Os que lá estavam, apesar de cansados estavam satisfeitos por recordarem tempos antigos.
    Zé ganha juízo!
    Vê se fazes alguma coisa útil para o Povo.
    Aceita este desafio, deixa de rosnar e organiza qualquer coisa para nos surpreender pela positiva.
    Senão o Povo terá razão para dizer que os cã.. ladram e a caravana passa.
    Tonho, aceitas o desafio?

    ResponderEliminar