terça-feira, 9 de junho de 2009



Crónica de Viagem

De Vila Viçosa ao Festival da Cereja de Resende
e uma descoberta na Serra de Montemuro


Em dia de canícula, preparei a “ tralha “ da reportagem e uma “ geleira “ bem atestada e cedo fiz-me à estrada para mais uma escapadita de fim-de-semana, procurando contrariar este agitado quotidiano, que nos traz mais tristes do que felizes, já que não tivemos a sorte de ter sido gerentes ou administradores do BPN ou do Banco Privado Português.

O movimento era grande à saída para Cinfães, ou não fosse este o dia grande da Romaria ao Senhor dos Enfermos, na vizinha freguesia de Fornelos, mas num ápice estávamos na EN 222, onde também não faltavam os habituais vendedores de ocasião, procurando contrariar os viandantes que tinham Resende e o seu oitavo Festival da Cereja como destino.
Iniciada a descida para Pias, foi com gosto que, na passagem por Porto Antigo, comecei a perceber que a cereja estava a bom preço e que resistia à inflação, até porque a colheita sendo excelente e em grande escala, quem acaba por ganhar é sempre o consumidor final e os preços da beira da estrada, quase sempre reflectem os praticados no Festival de Resende.
Depois de uma breve paragem em Caldas de Aregos para o pequeno almoço e para perceber a dimensão dos recentes melhoramentos ali concretizados, fruto do investimento municipal, potenciando uma nova atractividade turística nesta região do Douro Sul, seguimos viagem para Resende com a ânsia de cedo chegar, evitando a confusão de outros anos, já que em matéria de estacionamento costuma ser um pandemónio, mau grado o excelente trabalho da GNR e de muitos funcionários municipais que se esforçam para que as coisas corram pelo melhor.
Como jornalista foi-me, simpaticamente, reservado um lugar no estacionamento o Palácio da Justiça, bem no centro da urbe resendense, mesmo ao lado das viaturas da RTP que, neste dia, fizeram um programa especial em directo do Festival da Cereja de Resende e do grandioso cortejo temático.
O périplo pelas barraquinhas das cerejas foi imediato, não sem antes apreciar a entrada da Banda Musical de S. Cipriano A – Velha, que desde há muito conheço das actuações de sábado de S. Pelágio, e dos excelentes Grupos de Musica Tradicional Portuguesa, Romeiros de Ourém e de Mar de Pedra.
Os visitantes apinhavam-se para ir “ repenicando “ aqui e acolá, e por um euro e meio o kilo, mais de uma centena de “ stands” ofereciam as maravilhosas cerejas de Resende, e mais abaixo, do recinto principal, lá estavam à venda a outra grande especialidade da doçaria de Resende, as suas famosas cavacas, misturadas com outros vendedores de licores, compotas e artesanato local.
Abastecidos de cereja e de umas fatias doces, saímos da urbe resendense antes da hora de almoço, orientando o percurso de regresso pela vertente da Serra de Montemuro, procurando utilizar os bons acessos ali concretizados, também fruto dos investimentos das empresas que, por ali, concretizaram diversos Parques Eólicos, e com quem, a edilidade de Resende, soube estabelecer parcerias, cativando natural benefício para a região.
Passei em Santa Maria de Cárquere, para visitar num ápice, a sua igreja e o que resta do antigo mosteiro, referenciado no livro “ Ilustre Casa de Ramires “ e atingimos o planalto serrano e desde logo, no Monte de S. Cristóvão, na freguesia de Felgueiras, onde encontramos um dos miradouros mais deslumbrantes de Resende, onde a vista perde-se no horizonte.
No centro do miradouro, a 1114 metros de altitude, está a capela dedicada a S. Cristóvão, em forma de mastaba oriental, onde a 25 de Julho, se realiza uma das feiras anuais mais emblemáticas da região, onde são premiadas as melhores espécies da raça arouquesa.
Depois de uma breve paragem na aldeia da Talhada, seguimos viagem para a freguesia da Panchorra, a mais serrana do território de Resende, já na partilha com os domínios de Cinfães, com o Rio Cabrum a servir de zona de fronteira com a vizinha freguesia da Gralheira,
A aldeia da Panchorra guarda ainda as vivencias de outrora, de tempos mais difíceis, e por aqui sente-se bem o isolamento e amargura da interioridade. As rústicas casas de colmo, as portas arcaicas, a frescura da ribeira, os pastores que, na sombra dos carvalhos, olham pelos rebanhos, para além da simplicidade e autenticidade de gente simples e hospitaleira, que confere a esta aldeia características únicas.
Por aqui não se pode deixar de visitar a Ponte da Panchorra, a beleza estonteante da paisagem, a sombra dos carvalhos e amieiros, o espelho de água natural que torna este recanto num agradável e atractivo espaço para merendas e descanso absoluto.
Daqui à Gralheira, a segunda aldeia mais alta de Portugal, a seguir ao Sabugueiro, na Serra da Estrela, é um instantinho e continua a ser um regalo chegar até aqui, ficar extasiado a contemplar uma policromia maravilhosa e conviver com um povo simples, humilde e hospitaleiro.
Estamos a 35 km da sede do concelho de Cinfães, na “ princesa da serra “, a aldeia mais típica da Serra de Montemuro, onde a sua gente está mais ligada ao vizinho município de Castro Daire, muito mais próximo e ligado por excelentes vias de comunicação.
Nos seus usos e costumes a história repete-se, a Gralheira continua a cativar e cercada por altas montanhas, abundam os planaltos e os outeiros, a paisagem é deslumbrante, quer coberta de neve no Inverno ou mesmo nos belos dias de Verão, sendo cada vez mais visitada, pelo menos ao fim de semana, onde os seus dois típicos restaurantes não têm “ mãos a medir “ para satisfazer a numerosa clientela que sobe a serra, à procura do sossego, dos bons ares e da excelente cozinha regional.
No centro da localidade, em local frondoso, a ribeira foi outrora aproveitada para uma piscina natural, o grande atractivo da Gralheira, e a autarquia potenciou o espaço com um agradável parque de merendas, onde não falta sitio para acampar, com WC’s públicos ( erradamente fechados ao fim de semana ) e água corrente, sempre fresquinha para matar a sede a quem por aqui passa.
No regresso, ainda por terras de Ramires, fizemos uma paragem pela quase desertificada aldeia de Vale de Papas, onde se podem ver algumas coberturas de colmo, e seguimos adiante para descermos ao Rio Bestança, recordando o tempo da gestão de Cerveira Pinto, quando avançou com a nova travessia entre Soutelo e Granja, já a caminho de Tendais e da EN 222.
Parámos para o cafezito da praxe numa esplanada à beira da estrada, e tivemos a oportunidade de constatar as obras do Complexo Social de Tendais, uma obra importante da Associaçao de Solidariedade Social daqula freguesia serrana, ficando adiada, para uma próxima passagem uma visita à aldeia de Vila Viçosa, de Cinfães, desde há muito registada em agenda, mas não evitamos uma paragem, para uns registos fotográficos, no belissímo miradouro de Azevedo, ali bem perto do Restaurante Solar de Montemuro, ficando para mais tarde uma espreitadela à loja do senhor Alberto, de Travassos, onde a fama de um bom bacalhau frito já vem de longe, apesar do Fernando Ferreira ainda, simpaticamente, manter o convite de pé.
Havemos de voltar, se Deus nos permitir, em mais uma escapadita de fim de semana, com outras historias e relatos deste espaço que nos rodeia e que temos gostos em descobrir e dar a conhecer…
Toneladas de boa cereja atrairam os visitantes

Sempre boa musica tradicional portuguesa

Presidente da CM de Resende e convidados

A Banda de Musica de S. Cipriano A Velha

Muita animação durante o Festival da Cereja

Cortejo temático do Festival da Cereja em Resende

Parques eólicos povoam a Serra de Montemuro

Boas estradas no planalto serrano de Montemuro


Aldeia da Gralheira, a " princesa da serra " de Montemuro

Parque de merendas e piscina natural da Gralheira

Aldeia Típica de Vale de Papas, em Cinfaes


1 comentário:

  1. Ola Carlos quando é que as eolicas vem para Vila viçosa e Nespereira para termos estradas como deve ser, olha gostei de ver a tua reportagem e as estrada que tem pela serra de Montemuro,muito bem, nos somos sempre os esquecidos, apesar de tu sempre falarares na 225 que merecia um arranjo total
    um abraço do amigo Semblano

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