segunda-feira, 13 de abril de 2009

RETALHOS DA VIDA DE UM PADRE...


JN ACOMPANHOU O DIA A DIA DO PÁROCO DE ESPIUNCA

Prego a fundo e fé no Senhor nas alturas...


O Padre Paulo percorre semanalmente 700 quilómetros, pelas estradas sinuosas da serra da Freita, em Arouca. Tem a cargo seis paróquias,17 igrejas e um total de 3500 paroquianos, dispersos por vários lugares.

O padre Paulo acelera. Curva, contracurva, pela estrada que o leva à segunda missa do dia, em Moldes, Arouca. Pé no pedal e fé em Deus, que no cruzeiro da terra já o esperam para a bênção e procissão de Ramos. Ao volante do "Renault Clio", o pároco tenta o milagre: encurtar o atraso que lhe atormenta a consciência.
A missa das 8.30 horas, que celebrou em Janarde, terminou à hora a que a de Moldes deveria começar. Na estrada não há quem não comungue da urgência de uma missão quase impossível. Ao verem o carro do padre, e confirmada a propriedade pelo cabeção que o condutor usa todos os domingos, os paroquianos encostam à berma. "Bom domingo, bom domingo", saúda-os o pároco, fala rápida, sorriso fácil e pé no pedal. "Começaram as curvas e ainda não estamos bem no meio delas", avisa.
Para trás, ficou Janarde, a terra onde vivem apenas "o sr. Manuel, a D. Maria e o filho Luís", mas que se enche de gente nos domingos em que o padre Paulo lá vai celebrar a missa. "Só a fala que ele tem vale dinheiro", conta Maria da Glória. E tempo... É que, no total, o padre Paulo tem a cargo seis paróquias, com 17 igrejas, espalhadas pela Serra da Freita, Arouca. "Por semana, faço em média 700 quilómetros", estima o sacerdote.
"Não me posso queixar, que é por vocação que o faço, mas tenho uma agenda muito preenchida", conta. "O problema não está nas celebrações, porque se demorássemos cinco minutos entre cada uma das igrejas, era fácil", explica. "O único problema aqui são os quilómetros". Nada que assuste o padre-acelera do automóvel, que até é motard nas horas vagas. Nos dias de sol corta as curvas de moto e mochila às costas. "Gosto imenso de conduzir! Também acho que Nosso Senhor vai proporcionando as coisas dessa forma, porque uma pessoa que não goste de conduzir aqui...", afirma.
"Olha o padre, já vem stressado... Sempre a correr! É corajoso". Em Moldes, as pessoas apreciam-lhe a dedicação e a força de vontade. "Já vêm mais pessoas à missa... E mais jovens também", inventaria Maria Adelina. Fim da missa, nova corrida para o Clio.
À chegada de Espiunca, para a terceira missa da manhã, os acólitos esperam- no à entrada da igreja. "Temos de lhe arranjar umas asas, sr. padre", cumprimenta Agostinho. O sacerdote repete a bênção e a procissão de Ramos, celebra a missa e, no final, ainda reúne com uma comissão. O lanche para confortar o estômago está reservado para a última viagem, entre Espiunca e Canelas. Iogurte e bolachas sobre rodas que a corrida já quase que deu para anular o atraso.
A missa, em Canelas, começa praticamente à hora. "Gostávamos de ter um padre a viver cá na terra, claro", explica Isabel Monteiro, da última paróquia do périplo dominical do padre Paulo, "que faz o que pode e o que não pode".
O que não pode fazer, confia aos leigos. "O padre está naquilo que lhe compete, que é celebrar a eucaristia, a missa, e confessar. É o essencial do padre e sempre foi, não é de agora", explica. "Agora, nota-se mais porque o padre não pode estar tão presente. E os leigos têm de assumir aquilo que é obrigatório da sua figura, que é orientar os outros, estarem bem formados para conseguir fazer chegar a palavra de Deus aos irmãos".
Durante uma semana de trabalho, o padre Paulo passa sempre por 13 igrejas e capelas. Aos dias de semana, celebra duas missas, aos sábados, três e, aos domingos, quatro.

Claudia Monteiro e Francisco Pinto

*Nota do editor:

Fiquei feliz por esta reportagem do JN do passado Domingo, ter contemplado o Reverendo Padre José Paulo Teixeira ...porque ele merece, sem dúvida!!!
É que o trabalho pastoral que este padre vem desenvolvendo nesta região do interior e do extremo norte do distrito de Aveiro merece ser realçado e publicamente reconhecido.
Por muitas razões...desde logo pela sua simpatia e trato afável, delicadeza de contacto, grandeza humana, mas acima de tudo, pela sua postura, frontalidade e por levar a sério a sua missão...
Não tenho dúvidas e não caio no exagero fácil, se disser que, depois do Reverendo Padre Américo Vilar ( que sempre recordo como meu mestre nesta vida dedicada ao jornalismo ) que se " notabilizou " pela sua participação cívica, dinâmica associativa, postura solidária, firmeza de carácter e objectividade, esta paróquia voltou a ter ( finalmente ) um padre que cativa e encanta pelo seu discurso e pela sua jovialidade e frontalidade, e que assume a responsabilidade de um trabalho sério para que a Igreja se possa afirmar com grandeza, atraíndo aqueles que se foram afastando do convívio religioso.
Bem haja pela sua dinâmica pastoral e pela sua simpatia...

2 comentários:

  1. tens razão Berto, de facto este padre é bem diferente dos outros que ca estiveram oxalá a beatada do costume não estrague a sua missao parabens pelo teu trabalho sim senhor

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  2. Pois atá o carcanhol do santo desapareceu e nao se passou nada

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